Vau do Jaboque
84 páginas - formato
13,5x21,0 cm
Edição: Câmara Brasileira de Jovens Escritores
Edição: Câmara Brasileira de Jovens Escritores
Se toda evolução no campo da arte tem de produzir-se dentro
de uma noite profunda, como afirmou Nietzsche, então pode-se ler a poesia do
barra-cordense Kissyan Castro, breve, trabalhada a pedra e solidão. Este Vau do
Jaboque expande-se para além das pretenções poéticas de seu autor, incorpora
antigos lugares comuns à linguagem, explorando maior expressividade e afã de
síntese, numa atmosfera extremamente pessoal; delineia uma trajetória distinta
ao da superficialidade, predominante na produção literária hodierna, tão afeita
à exteriorização panteísta. Artífice inerme, Kissyan revolve as ruínas do
passado e do presente, e, retirando toda significação, dispõe cada fragmento
como num mosaico, a exemplo de Limbus Patrum, Simbiose, Gôndola Difusa etc.,
onde deparamo-nos com o assombro da exploração metafísica e capacidade
demiúrgica. Atreve-se a uma aventura abissal, que muitos poetas não
compreenderam, como uma via de acesso à realidade, embora definida por ele de
meros "arranhões à superfície do poema".
Não servindo-se de estratégias, seus poemas rompem com a gratuidade, sem grandiloqüência ou excessos, mas comedido e autêntico (Destacam-se o gráfico-espacial da palavra em Deambulário e a discreta tendência ao epigrama em Poemas Para Funda.). Ao mesmo tempo, soube recolher das pequenas coisas o secreto estalido, efêmero e intemporal, preservando-o na firme geometria dos haicais com que mune sua Caixa de Fósforos.
Kissyan buscou dar a Vau do Jaboque um enfoque distinto sobre a vida, a morte, o tempo, as desigualdades e, sobretudo, o terno sentimento de amor por sua terra, seus rios, sua gente.
Eis aí um poeta moço dotado de raro talento: pelo arbitrário, pelo vigor e pela busca de uma claridade própria, tênue ainda, porém fadada a restabelecer a luz aos corações noturnos.
Não servindo-se de estratégias, seus poemas rompem com a gratuidade, sem grandiloqüência ou excessos, mas comedido e autêntico (Destacam-se o gráfico-espacial da palavra em Deambulário e a discreta tendência ao epigrama em Poemas Para Funda.). Ao mesmo tempo, soube recolher das pequenas coisas o secreto estalido, efêmero e intemporal, preservando-o na firme geometria dos haicais com que mune sua Caixa de Fósforos.
Kissyan buscou dar a Vau do Jaboque um enfoque distinto sobre a vida, a morte, o tempo, as desigualdades e, sobretudo, o terno sentimento de amor por sua terra, seus rios, sua gente.
Eis aí um poeta moço dotado de raro talento: pelo arbitrário, pelo vigor e pela busca de uma claridade própria, tênue ainda, porém fadada a restabelecer a luz aos corações noturnos.
Caleidoscópio - Antologia com vários autores
208 páginas
Andross Editora
ISBN: 8599267108
Por um caleidoscópio o que se tem é uma diversidade de imagens. Algo próximo do mágico. Nesta coletânea, um caleidoscópio de versos; sob cada olhar, um prisma. A sugestão é espiar autores de diferentes pontos do Brasil, reunidos na poesia.
Bodas de Pedra
104 páginas
Edição do Autor
Os poemas que constituem este
livro foram escritos entre 2003 e 2004, portanto, bem antes de “Vau do Jaboque”
e “Caleidoscópio”, minhas últimas incursões em poesia. Por causa do teor desses
versos, que se chocava com minha realidade de então, escrupulosamente
religiosa, resolvi, àquela época, não publicá-los. É impossível não perceber
que muitos dos poemas são traspassados pelo tema religioso. Com o tempo, porém,
todas as minhas angústias foram amainadas e, quando enfim aprendi o verdadeiro
sentido da Poesia e do que se alimenta, passei a ser honesto ao meu fazer
poético.
A “Pedra” é uma constante
nesses versos, e aqui aparece não como um mero acessório, pedra que o tempo
forja, e sim como símbolo evocativo de tudo aquilo que nos arrasta para o
silêncio, para o nada; pedra que nos semeia; dólmen erguido para o sopro do
vento e as batidas de sóis milenares que se nutrem de esquecimento; memorial da
transitoriedade e dureza da vida, este sólido solo, esta realidade pétrea que
todos estamos vinculados, arraigados como um casamento mesmo. Entenda-se “Bodas” não como a celebração da
dor – visto que viemos de tempos duros –, mas, sim, a despeito dela; como canto
que se espraia e penetra, transpondo a rigidez da pedra.
Não louvo a “pedra”, versejo-a
no intuito de tornar a pedra rígida pedra encantatória, galgá-la ou quem sabe
descobrir nela algum latejo, mínimo, suficiente. Porque a poesia acolhe o
universo da experiência humana, e nessa experiência há alegria e também a dor.
De fato, não há nada de emocionante na dor.
O poema é talvez o único lugar onde a própria dor nos comove, nos
emociona. É o lugar onde a dor se transfigura e vira beleza estética.
A última parte do livro, isto
é, os “Poemas Resgatados”, são poemas mais longos que se distanciam pouco a
pouco da proposta inicial, e que foram “resgatados” de entre as traças da
dispensa de casa, quando assim os encontrei ao chegar de uma viagem que me
havia ausentado por dois anos.
Os seis sonetos que finalizam
o livro foram escolhidos para homenagear essa forma fixa imorredoura com que ousei
iniciar-me na poesia. Ao reencontrá-los, porém, depois desse tempo, notei-os
deficientes sob muitos aspectos, sobretudo sonoros. Procurei trabalhá-los em
sua cadência o mais que pude, dentro de minhas limitações, sem que obliterasse
o conteúdo e os momentos que ensejaram sua concepção.
Também não poderia deixar de
homenagear Barra do Corda, minha cidade querida, que me presenteia com sua
gente, com seus rios, com seus sabores e cheiros, elementos que incorporo à
minha poesia.
Enfim, aí está o livro, despretensioso
como a “Pedra” sobre a qual se engasta, pedra essa doméstica, porejante, que
venho acariciando como mobiliário do corpo e que agora entrego, silente e
resoluto, ao lapidário público.
K.C.
Felicitaciones Kissyan! Natural, espontáneo, hermoso! Así es la poesía. Palabras que llegan al alma.
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